quarta-feira, 9 de março de 2016

Visita à Igreja e Convento de Santo Antonio - Recife, PE - Novembro de 2015


“Sétimo convento franciscano erigido no Brasil, e o quarto sob a invocação de Santo Antônio de Lisboa, o Convento Franciscano de Santo Antônio talvez seja uma das obras mais antigas do Recife.
Além de representar a maior coleção de azulejos, da época da presença holandesa no país, se constitui, ainda, em um dos mais conservados e respeitados acervos do Patrimônio Histórico e Artístico do Brasil."(1)

O complexo arquitetônico pertence a ordem franciscana e inclui, além da igreja e do convento de Santo Antônio, a Capela Dourada e o Museu Franciscano de Arte Sacra pertencentes à ordem terceira.
A construção data de 1.604 mas o foco da nossa visita, os painéis de azulejo do claustro do convento, datam do séc. XVIII.

Com a substituição do piso de tijoleira pelo ladrilho em 1941, as patologias nos azulejos, em função da umidade ascendente na alvenaria, aceleraram o processo de degradação. Segundo o Prof. Jorge E. L. Tinoco do CECI, a má qualidade na fabricação dos azulejos dessa época, em função do aumento da procura e consequente aumento de produção, também favoreceram o surgimento de patologias.

Em 2011, o IPHAN assumiu uma grande obra de restauração dos 25 painéis de azulejo do claustro e 10 painéis da capela dourada. Foram envolvidos nesse trabalho mais de 30 profissionais. Os azulejos foram restaurados pelo método do faceamento, desmonte, limpeza, dessalinização, consolidação, nivelamento e reintegração (executada sobre placas cimentícias distanciadas da alvenaria). Nesse restauro foram usados, como referência, fotos dos painéis tiradas na década de 1930 (antes da troca do piso em 1941) onde o processo de degradação ainda não estava avançado. A resina adotada no trabalho foi a HXTAL NYL-1 (Epoxy Adhesive), que se assemelha ao vitrificado do azulejo mas de difícil reversibilidade. Foi utilizado também filtro UV.


– painéis de azulejos da portaria do convento que não foram restaurados em 2011. Observam-se as patologias (lacunas, desagregação, esfoliação, perdas e intervenções indevidas).


– painéis de azulejos do claustro após o restauro de 2011. Observa-se o dreno executado na base do painel para evitar a umidade ascendente (vala de ventilação). A tampa da vala é provisória. O projeto contempla a tampa no mesmo acabamento do piso de ladrilho. Cor ocre substituindo a cor branca anterior ao restauro.


– detalhe da junta de suspiro (2) no contorno dos azulejos
– detalhe da reintegração dos desenhos. Interessante notar o amarelamento da resina HXTAL NYL-1.


 – faixa de azulejo entre o claustro superior e inferior encontrados no séc. XX. Esses azulejos são de origem holandesa.


– escoras na viga de madeira do coro da igreja de Santo Antônio.


     
– painéis de azulejos da Capela Dourada da Ordem Terceira. Interessante notar a não continuidade da paisagem no desenho. A alteração das peças e preenchimento com outras eram comuns em obras de restauro para gerar melhor percepção na paisagem.


– detalhes das talhas de madeira com douramento da Capela Dourada. 
- observamos a massa de nivelamento e o bolo armênio, camadas anteriores à folha de ouro.

*imagens acervo pessoal




1 - Fonte: VAINSENCHER, Semira Adler. Convento Franciscano de Santo Antônio (Recife, PE).  Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife.  Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/
2 - o termo junta de suspiro constava nas anotações feitas no dia da visita. Pensou-se em ser junta de respiro mas outras colegas e o áudio da palestra confirmaram o termo junta de suspiro e optou-se usar este ao invés de junta  de respiro.

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