“Sétimo convento
franciscano erigido no Brasil, e o quarto sob a invocação de Santo Antônio de
Lisboa, o Convento Franciscano de Santo Antônio talvez seja uma das obras mais
antigas do Recife.
Além de representar
a maior coleção de azulejos, da época da presença holandesa no país, se
constitui, ainda, em um dos mais conservados e respeitados acervos do
Patrimônio Histórico e Artístico do Brasil."(1)
O complexo arquitetônico
pertence a ordem franciscana e inclui, além da igreja e do convento de Santo
Antônio, a Capela Dourada e o Museu Franciscano de Arte Sacra pertencentes à
ordem terceira.
A construção data de 1.604 mas o
foco da nossa visita, os painéis de azulejo do claustro do convento, datam
do séc. XVIII.
Com a substituição do piso de
tijoleira pelo ladrilho em 1941, as patologias nos azulejos, em função da umidade ascendente
na alvenaria, aceleraram o processo de degradação. Segundo o Prof. Jorge E. L. Tinoco do CECI, a má
qualidade na fabricação dos azulejos dessa época, em função do aumento da
procura e consequente aumento de produção, também favoreceram o surgimento de
patologias.
Em 2011, o IPHAN assumiu uma
grande obra de restauração dos 25 painéis de azulejo do claustro e 10 painéis
da capela dourada. Foram envolvidos nesse trabalho mais de 30 profissionais. Os azulejos foram restaurados pelo método do faceamento, desmonte, limpeza,
dessalinização, consolidação, nivelamento e reintegração (executada sobre
placas cimentícias distanciadas da alvenaria). Nesse restauro foram usados, como
referência, fotos dos painéis tiradas na década de 1930 (antes da troca do piso
em 1941) onde o processo de degradação ainda não estava avançado. A resina
adotada no trabalho foi a HXTAL NYL-1 (Epoxy Adhesive), que se assemelha ao vitrificado
do azulejo mas de difícil reversibilidade. Foi utilizado também filtro UV.
– painéis de azulejos
da portaria do convento que não foram restaurados em 2011. Observam-se as
patologias (lacunas, desagregação, esfoliação, perdas e intervenções
indevidas).
– detalhe da junta de suspiro (2) no contorno dos azulejos
– detalhe da reintegração dos
desenhos. Interessante notar o amarelamento da resina HXTAL NYL-1.
– faixa de azulejo entre o
claustro superior e inferior encontrados no séc. XX. Esses azulejos são de
origem holandesa.
– escoras na viga de
madeira do coro da igreja de Santo Antônio.
– painéis de azulejos da Capela
Dourada da Ordem Terceira. Interessante notar a não continuidade da paisagem no
desenho. A alteração das peças e preenchimento com outras eram comuns em obras de
restauro para gerar melhor percepção na paisagem.
–
detalhes das talhas de madeira com douramento da Capela Dourada.
- observamos a massa de nivelamento e o bolo armênio, camadas anteriores à folha
de ouro.
*imagens acervo pessoal
por Cristiane Py
1 - Fonte: VAINSENCHER, Semira Adler. Convento Franciscano de
Santo Antônio (Recife, PE). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/
2 - o termo junta de suspiro constava nas anotações
feitas no dia da visita. Pensou-se em ser junta
de respiro mas outras colegas e o áudio da palestra confirmaram o termo junta de suspiro e optou-se usar este ao
invés de junta de respiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário