terça-feira, 25 de maio de 2021

Red House School Ipiranga - Um projeto de restauro

O Casarão

Construído nos anos 1920 no bairro do Ipiranga na cidade de São Paulo, o casarão em estilo eclético foi uma das moradas da família Jafet/Assad durante algumas décadas e ajudou na urbanização e crescimento do bairro do Ipiranga.

O casarão é protegido, em conjunto com mais cinco casarões do bairro, pela instância municipal desde 2005 e, por se encontrar na área envoltória do Parque da Independência, também é protegido pela instância estadual.

Desde final dos anos 1970 que o casarão mudou de uso passando, desde então, a ser alugado para uso comercial ou institucional. Apesar de vários locatários sua história, arquitetura, tipologia, ornatos e bens integrados se mantinham em bom estado de preservação.

A Red House Internacional School

A Red House School já tem tradição em se instalar em imóveis ou bairros reconhecidos como patrimônio cultural. O Campus Higienópolis, o Campus Recife e o Campus Pacaembu são alguns exemplos.

Para essa região de São Paulo, a escola não podia ter tido melhor escolha e o casarão, desde 2020, passa então a abrigar o Campus Museu do Ipiranga.

O projeto

Para o projeto de revitalização e restauro foi montada uma equipe multidisciplinar, apaixonada por toda a história do casarão e comprometida com o programa de necessidades da escola. O resultado vocês podem ver nas imagens abaixo e, para mais informações, acessem os sites: 

https://archello.com/project/red-house-school-ipiranga

https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Edificios/noticia/2021/05/casarao-historico-da-familia-jafet-vira-escola-em-sao-paulo.html

Arquitetura: STUDIO DLUX

Consultoria de restauro: Cristiane Py e Nattalia Bom Conselho

Fotos: Hugo Chinaglia








Postado por Cristiane Py

sexta-feira, 14 de maio de 2021

A arquitetura moderna e o concreto armado - desafios da preservação.


O desafio de proteger a arquitetura moderna decorre da dificuldade de reconhecer seu status como parte do passado. Como aponta Flávia Brito do Nascimento:

"O dilema das proteções à arquitetura moderna adveio das dificuldades de considerá-la passado. Um dos pontos nodais é o aparente paradoxo de se preservar uma arquitetura postulada para romper com as tradições. "

Flávia Brito do Nascimento
Habitação social, arquitetura moderna e patrimônio cultural.
pag. 440

Essa reflexão fundamenta este post, uma vez que o dilema se estende não apenas à proteção, mas também às intervenções necessárias em tais estruturas.

A intervenção em edifícios de concreto aparente, especialmente quando apresentam degradação em função do tempo, suscita questões complexas: como preservar a pátina do tempo sem comprometer a estrutura? Como restaurar a integridade e segurança de uma obra moderna? Embora essas perguntas sejam desafiadoras, a intervenção em concreto armado deve seguir os princípios metodológicos da disciplina de restauro, como em qualquer bem patrimonial. Alguns pontos fundamentais incluem:

  • Um estudo profundo do bem, tanto histórico quanto estrutural, por meio de pesquisas documentais, iconográficas e análise dos projetos originais;
  • A formação de uma equipe multidisciplinar, integrando especialistas, especialmente engenheiros estruturais;
  • Uma abordagem individualizada para cada caso de intervenção.

Essas são questões cruciais para nossa geração de arquitetos e engenheiros, uma vez que o concreto está envelhecendo rapidamente. Embora já estejamos iniciando o processo de pesquisa e preservação, muito ainda resta a ser descoberto e compreendido.

Recentemente, tive a oportunidade de assistir à aula Concreto Armado na Arquitetura Moderna, oferecida pelo Centro de Estudos e Ensino Avançados da Conservação Integrada - CECI. Na aula, os professores Luiz E. B. Cardoso e Sílvio Oksman apresentaram estudos de caso sobre a TV de Brasília e o MASP, respectivamente, proporcionando reflexões e perspectivas fundamentais para o desenvolvimento contínuo desse campo.




Postado por Cristiane Py