No último sábado, 2 de abril de 2016, foi realizado um encontro dos professores de Técnicas Retrospectivas e Restauro do Patrimônio Arquitetônico e Urbanístico, organizado pelo CAU/SP.
O evento foi realizado na sede do Arquivo Histórico Municipal de São Paulo, edificação do arquiteto Ramos de Azevedo localizado em frente ao Parque da Luz. O local já foi inspirador!
A disciplina, conhecida como TR, passou a ser obrigatória na formação do profissional arquiteto a partir de 1994. Eu pertenço a uma geração de profissionais que, infelizmente, não recebeu uma formação básica no curso de graduação para desenvolver projetos em edificações pré existentes reconhecidas como Patrimônio Cultural.
A idéia do GT (grupo de trabalho) do Patrimônio Histórico do CAU/SP, através desse encontro, é obter informações do conteúdo da disciplina nas diversas entidades e discutir se a formação do profissional é apta para atuação no campo do Patrimônio Histórico.
Após análise de questionários (enviados às faculdades), apresentações e debates dos professores e ouvintes do encontro, podemos sintetizar:
- a maioria das faculdades não respondeu ao questionário enviado pelo CAU/SP.
- a disciplina ainda é vista, principalmente pelos cursos privados, como a última a ser resolvida e tratada como exceção.
- as matérias optativas referente ao tema são pouco procuradas pelos alunos.
- nos trabalhos de conclusão de curso (TFG) o incentivo é dado para projetos novos desmerecendo os trabalhos em pré-existentes.
- na Itália, ao contrário do Brasil, já existe uma disciplina própria de levantamento técnico e inventário.
- há a necessidade de incentivar viagens de estudo.
- enfoque equivocado e errôneo no título da disciplina. Não é só formação técnica, mas também conhecimento teórico, humanístico e crítico.
- o pouco tempo disponível na disciplina (um ou dois semestres) é insuficiente para passar todo o conhecimento necessário. Os professores então desenvolvem um conteúdo de forma a sensibilizar os alunos perante o Patrimônio.
- a disciplina não se aprofunda em projetos.
- a fiscalização dos orgãos competentes ao trabalho do profissional arquiteto percebem que os mesmos não sabem executar o serviço.
- há pouca oferta de estágios na área sendo o poder público o grande formador dos profissionais (64%).
- há falta de discussão referente à conservação preventiva.
- importante propagar a importância da memória. Toda a cidade é histórica!
- falta de mão de obra especializada para atuar em obras de restauro.
- incentivo à importância de trabalhar com o pré-existente.
- Na Universidade Columbia nos Estados Unidos há a opção do 6o ano de curso, tornando-se o arquiteto também mestre especialista em restauração.
- Na UNISANTOS a disciplina faz parte da cadeira de projetos pois "Restauro é projeto".
Participou do encontro o Presidente do CAU/SP Gilberto Belleza; a coordenadora GT PH/CAU/SP Cássia Magaldi; as professoras Beatriz Kuhl (FAU-USP), Rosio Sacedo (UNESP Bauru), Marcos Carrilho (Mackenzie), Cassia Magaldi (UNISANTOS) entre outros.
* imagens da autora