quarta-feira, 25 de setembro de 2019

O selfie e o patrimônio cultural.

Ficaria muito longo falar neste post sobre o surgimento do monumento histórico. Vamos então, de forma sucinta, fazer uma rápida cronologia para vocês, leitores, entenderem minha reflexão aqui proposta sobre a relação do selfie com o patrimônio cultural.

O conceito de monumento histórico surgiu com o pensamento humanista no séc. XV, época do renascimento. Esse novo olhar sobre monumentos e antiguidades fez surgir os antiquários que colecionavam, em seus gabinetes, objetos do passado. Mas como colecionar arquitetura? Neste caso haviam 2 opções: colecionar fragmentos ou gravuras desenhadas por arquitetos in loco. Devemos lembrar que, nesta época,  estávamos alguns séculos antes do surgimento e popularização da fotografia!

Essas gravuras, que chamamos de vedutes,  deram origem aos primeiros guias turísticos da história e valorizaram e popularizaram, no séc. XIX, o "grande passeio", ou seja, as longas viagens aos lugares históricos. Dessas viagens surgiram os diários aonde o viajante descrevia todas as suas experiências e aventuras do "grande passeio". Muitos desses diários foram publicados atraindo, então, cada vez mais interessados em visitar os lugares históricos.

No séc. XX presenciamos um desenvolvimento assombroso. Surgiram não só a fotografia mas principalmente novos meios de transporte, como a ferrovia, os transatlânticos e o avião. Com todo esse crescimento o "grande passeio" se popularizou. Foi nessa época que surgiram os souvenires para atender ao desejo do visitante em levar consigo uma lembrança de viagem. Os souvenires, de certa forma, tentavam ter a mesma função que tinham os fragmentos e as gravuras da época do renascimento, que era a de resgatar memórias de um lugar visitado.

Os souvenires por décadas ocuparam o primeiro lugar como suporte de lembranças de viagem. Quem nunca comprou um souvenir, seja ele um chaveiro, um copo, um globo de neve, uma miniatura, um cartão postal ou utensílios para o lar? Mas no séc. XXI, na Era do Acesso, aonde os bens materiais perderam espaço para os bens intangíveis, eu acredito que o souvenir será daqui a poucas décadas um objeto realmente histórico. Na minha percepção, o selfie postado nas redes sociais está sendo, neste século, o novo suporte de memória da visita a um monumento histórico.

E para ilustrar esse post segue acima a imagem de um dos meus selfies favoritos. A turma do CECI 2015 tendo ao fundo o teto da Igreja Nossa Senhora das Correntes na cidade de Penedo-AL.

* imagem da autora

Postado por Cristiane Py

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Frase inspiradora:

"A determinação, por exemplo, dos novos usos para os edifícios obsoletos deve ser feita levando em conta suas características, para que a nova utilização seja nela instalada de modo a preservar, respeitar, valorizar e não deturpar seus principais elementos caracterizadores, fazendo uso dos instrumentos teóricos oferecidos pela restauração."

Beatriz Mugayar Kuhl
Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrialização
Problemas teóricos de restauro
pag. 138