sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Ruínas - A Sublimidade Parasitária do Pitoresco.


John Ruskin dizia:

"... o pitoresco é assim procurado na ruína, e supõe-se que consista na deterioração. Sendo que, mesmo buscado aí, trata-se apenas da sublimidade das fendas, ou fraturas, ou manchas, ou vegetação, que assimilam a arquitetura à obra da Natureza, e conferem a ela aquelas particularidades de cor e forma que são universalmente caras aos olhos dos homens."

Mas aos olhos dos especialistas em preservação, uma ruína não é só a Sublimidade Parasitária do pitoresco (palavras de Ruskin)Ela pode nos passar muitas informações, principalmente relacionadas à técnica construtiva. 


Nessa ruína do antigo convento e igreja da Santa Casa de Misericórdia da cidade de Igarassu - PE podemos observar, em função da perda do reboco, a técnica construtiva adotada.
Com a alvenaria construída em pedra calcária não aparelhada, observamos o nivelamento feito por tijolos e os arcos de escarção[1] de descarga, também em tijolos, para aliviar os esforços nos dois vãos. Podemos também observar as concreções de óxido de ferro
alvenaria em pedra calcária e nivelamento por tijolos
No portal observamos o uso de pedra calcária cinza de formação gramame (primeira bancada) e o elevado grau de esfoliação em função do sal.
arco de escarção e pedra calcária cinza do portal




[1] arcos de escarção: estrutura suplementar usada para auxiliar outro arco, que pela sua forma torna-se insuficiente para suportar as cargas concentradas na envasadura. Assim, por exemplo, quando se deseja uma verga de alvenaria abatida ou mesmo reta, e por isso capaz de receber somente cargas pequenas, busca-se o auxílio do arco de escarção que ficará situado acima e apoiado nos pés direitos ou encontros, recebendo e isolando as solicitações verticais. – ver Dicionário da Arquitetura Brasileira – Corona & Lemos.

*imagens da autora - 2015
Postado por Cristiane Py