quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Restauro de pinturas parietais - exemplo do que NÃO deve ser seguido.

Semana passada estive no 1o CRI - Cartório de Registro de Imóveis - de São Paulo para pesquisa histórica e documental de um imóvel tombado que sofrerá uma intervenção de restauro. 

O 1o CRI fica na mesma rua da Igreja Menino Jesus e Santa Luiza, tombada pelo CONDEPHAAT - Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo - em 1995. Com sua obra concluída no início do séc. XX, a igreja patrimônio cultural do Estado de São Paulo, em estilo gótico, possui um interior ornado com belas pinturas.

Aproveitei minha ida ao centro de São Paulo e ao 1o CRI e fui então visitar a igreja. Ela é pequena pois foi construída como capela da chácara de Anna Maria de Almeida Lorena Matchaedo e só posteriormente passou para Cúria Metropolitana.

O que me chamou atenção no interior da igreja foram as pinturas artísticas internas que sofreram intervenção sem seguir as diretrizes mínimas estabelecidas pela disciplina do restauro e pelas cartas patrimoniais.

Vejam as imagens abaixo:

Parte da pintura parietal que sofreu intervenção
Parte da pintura parietal que sofreu intervenção
Pintura original -  descoberta após remoção de camadas de tinta
Pintura executada sobre a pintura original
No processo de reintegração cromática de uma pintura parietal se faz importante criar um diferencial entre a pintura original e a restaurada, pois a restauração, segundo Brandi, não deve cometer nem um falso artístico e nem um falso histórico como também não deve apagar os traços da passagem do tempo.

No post Restauro de pinturas parietais - Igreja de São Domingos - Salvador, acompanhamos como deve ser a técnica baseada na Teoria da Restauração de Cesare Brandi. Vale a pena o leitor dar uma olhada e comparar as duas intervenções.

Não só a técnica é importante. A tinta a ser usada no restauro é outro fator determinante e deve ser escolhida de acordo com testes laboratoriais. No caso de uma pintura artística parietal do início do séc. XX, tintas acrílicas podem criar patologias que causarão mais danos na obra de arte do que se ela permanecesse sem intervenção alguma.

*imagens da autora

Postado por Cristiane Py

Nenhum comentário:

Postar um comentário