Essa semana tivemos mais uma perda de um patrimônio cultural. A igreja de Santa Rita de Cássia na cidade de Diamantina-MG foi atingida por um incêndio e, similar aos sinistros no Museu da Língua Portuguesa-SP, no Museu Nacional-RJ e na Catedral de Notre-Dame de Paris-FR, o telhado e a estrutura de madeira foram totalmente destruídos restando apenas as ruínas das paredes.
Após a tragédia, como lidar com um patrimônio que, agora, se encontra em ruínas?
Antes de mais nada é importante fazer estruturas emergenciais para manter estável o que restou após o incêndio e elaborar um projeto de restauro com profissionais habilitados.
Mas qual é o melhor caminho para desenvolver um projeto de restauro para tragédias como essa?
Já discutimos esse tema no post Uma questão em debate. Podemos reconstruir o telhado da capela seguindo seu desenho "original", deixar suas ruínas como testemunho do ocorrido ou fazer uma intervenção contemporânea para reabilitar o uso da igreja sem criar um falso histórico.
A reconstrução de um patrimônio cultural ou parte dele na sua forma "original" já é, há mais de um século, condenada por estudiosos e pelas cartas patrimoniais mas podemos encontrar algumas exceções aonde a reconstrução mimética pós tragédia foi realizada como uma forma de resgate de identidades perdidas ou por questões sociais e afetivas da comunidade tão discutidas atualmente.
Por isso que hoje escolhi escrever sobre o restauro da Igreja do Monastério de San Juan localizado na cidade de Burgos, Espanha. Uma boa intervenção para inspirar projetos futuros.
Esse projeto, idealizado pelo escritório BSA, consiste em uma cobertura para a ruína da igreja do monastério com o intuito não só de proteger os restos arquitetônicos como também de criar um novo espaço aonde se podem celebrar atividades culturais. Reparem que a nova cobertura se prolonga além das ruínas e que sua estrutura é totalmente independente das estruturas pré existentes. Ou seja, um projeto que vê, em primeiro lugar, o patrimônio histórico. Apesar da nova cobertura ser uma estrutura com técnicas e desenhos contemporâneos, ela dialoga com o pré existente sem que as ruínas percam o seu protagonismo.
Esse projeto ganhou menção honrosa no Concurso Internacional Domus de restauro e preservação Fassa Bortolo.
Igreja Santa Rita de Cássia, antes e pós incêndio. |
Imagens da web - acesso em 07/10/2019
Postado por Cristiane Py
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