No post Antigas edificações industriais, hoje revertidas em espaços de arte falamos da mudança de uso em espaços fabris. Podemos citar também a Fábrica Companhia Melhoramentos, revertida em espaço multiuso e aberta para a comunidade, ou o SESC Pompéia, projeto da arquiteta Lina Bo Bardi que também ocupou um antigo espaço fabril.
O uso do patrimônio cultural edificado é uma das principais diretrizes para a manutenção do bem cultural e, como vimos nos exemplos acima, a sua mudança (residencial para comercial; residencial para serviço hoteleiro; industrial para cultural) é possivel se o projeto respeitar as metodologias adotadas pela disciplina do restauro.
Neste post também vamos falar de um projeto de restauro de um espaço fabril que achei interessante por ter mantido o uso original: A Bodega Trapiche em Mendoza na Argentina.
Segundo informações da guia que me acompanhou na visita ao local, a Bodega, fundada em 1883, teve sua sede em estilo arquitetônico florentino construída em 1912 e sua produção atendia praticamente todo o consumo de vinhos da Argentina nessa época. Como veremos nas fotos, a vinícola tinha acesso direto para a ferrovia, as uvas chegavam e a produção era escoada por trens e todo o equipamento da vinícola funcionava a vapor.
Por volta dos anos 1940 uma forte crise no país deixou a adega abandonada mas atualmente, depois do restauro, ela retomou a produção vinícola.
Por volta dos anos 1940 uma forte crise no país deixou a adega abandonada mas atualmente, depois do restauro, ela retomou a produção vinícola.
O mais interessante do projeto é que, apesar de ter sido realizada a modernização dos equipamentos e meio de transporte, o projeto de restauro manteve as antigas instalações não mais utilizadas no processo fabril como memória para as futuras gerações. Parte dos equipamentos continuam em uso e parte das edificações foram mantidas em ruínas assim como novas construções também foram executadas.
Abaixo seguem fotos com mais detalhes
Vista da sede construida em 1912 em estilo florentino e restaurada. Ao fundo vemos a chaminé utilizada na época em que se usava o vapor para a produção. |
Nesta foto vemos os trilhos de trem. A adega tinha acesso direto para a ferrovia. Atualmente o transporte é feito por caminhões mas o antigo ramal foi mantido como memória |
Equipamentos originais movidos a vapor foram mantidos como memória . |
Infraestrutura original que ainda é utilizada no processo da fabricação de vinhos |
Ruína da antiga residência do administrador. |
Contenções em concreto foram executadas na intervenção de restauro |
Detalhe construtivo remanescente da residência do administrador |
Detalhe da técnica construtiva das paredes internas da casa do administrador. |
*imagens da autora
**informações fornecidas no dia da visita pela guia local
Postado por Cristiane Py
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