segunda-feira, 29 de julho de 2019

Frase inspiradora:

"O que é um lugar histórico? É um lugar aonde algo aconteceu - um evento,  eventos cotidianos, um movimento, um modo de vida, uma cerimônia ou atividade tradicional. Mas um lugar histórico é mais do que isso. É um lugar aonde algo pode ser entendido, lembrado ou recontado especialmente por causa da estrutura física sobrevivente ou da paisagem."

Ned Kaufman
Place, Race, and Story: Essays on the Past and Future of Historic Preservation
pag. 233
tradução livre da autora

Postado por Cristiane Py

quinta-feira, 25 de julho de 2019

Os fragmentos da história desde o séc. XVIII se espalhando pelo mundo

Com a valorização, o reconhecimento e a consagração do monumento histórico começou-se, desde o séc. XVIII, um grande interesse em colecionar objetos e, no caso da arquitetura, fragmentos de edificações reconhecidas como monumentos históricos.

O caso mais conhecido e polêmico é o do Parthenon. Grande parte dos mármores esculpidos do templo grego foram removidos e levados para Londres no início do séc. XIX por Lorde Elgin e,  atualmente, são encontrados no British Museum. Importante falar que os frisos, as métopas e as esculturas que hoje vemos no templo são réplicas dos originais que se encontram em Londres.

Mas não só fragmentos foram removidos do seu lugar de origem. Muitas pessoas visitam a cidade de Madri na Espanha e perdem a oportunidade de ver um legítimo templo egípcio. No final dos anos 1960 uma grande colaboração internacional para salvar o Templo de Abu Simbel, em função da construção da represa de Assuã, fez com que o governo do Egito presenteasse a Espanha com o Templo de Debod. Esse templo se localiza hoje em Madri, no Parque do Quartel da Montanha. Importante falar que algumas pedras do templo foram perdidas no desmonte e no transporte.

O Obelisco do Templo de Luxor, localizado em Paris, e partes do portão de Ishtar da cidade da Babilônia levados para Berlim, Istambul, Suécia, França e Toronto, são outros exemplos bem conhecidos.

Mas o motivo que me fez escrever esse post foi que na minha última viagem me deparei com um fragmento do Muro de Berlim na Cidade do Cabo na África do Sul. Doado ao país pelo governo alemão após o fim do regime do apartheid, não pude deixar de notar que, apesar das diretrizes estabelecidas pelas Cartas Patrimoniais que recomendam a manter o Patrimônio Cultural na sua ambiência e no seu contexto, os fragmentos da história continuam se espalhando pelo mundo.

"O monumento é inseparável da história de que é testemunho e do meio em que se situa. Por isso, o deslocamento de todo o monumento ou parte dele não pode ser tolerado, exceto quando a salvaguarda do monumento o exigir ou quando o justificarem razões de grande interesse nacional ou internacional."

art.7 - Carta de Veneza 1964

Parte do Muro de Berlim (origem Alemanha)
na África do Sul
Parte do Muro de Berlim (origem Alemanha)
na África do Sul
Parte do Muro de Berlim (origem Alemanha)
na África do Sul
Parte do Muro de Berlim (origem Alemanha) na África do Sul
Templo de Debod (origem Egito) na Espanha
Porta de Ishtar (origem Iraque) no Museu Pérgamo - Alemanha
Mármores do Pathernon (origem Grécia)
no British Museum - Inglaterra
Obelisco (origem Egito) na França
*imagens da autora e da web - acesso julho 2019

Postado por Cristiane Py