Na última quarta-feira fui almoçar com uma colega arquiteta na região da Vila Mariana em São Paulo. No trajeto ao restaurante pegamos um atalho e eis que eu me deparo com esse detalhe no piso.
O piso de caquinhos de cerâmica é muito conhecido dos paulistanos mas com a verticalização das antigas vilas residenciais esse patrimônio está se perdendo.
A história dos caquinhos já é bem conhecida dos moradores de São Paulo mas vamos resumir para aqueles que não compartilham dessa memória.
Por volta da década de 1940/50 a cidade de São Paulo, em ampla expansão, possuía duas grandes indústrias de cerâmica, ladrilhos e telhas sendo uma delas a Cerâmica São Caetano. Essas indústrias produziam lajotas cerâmicas de 20x20cm na cor vermelha (a mais popular e menos custosa), preta e amarela. Durante a produção das lajotas ocorriam quebras e os "caquinhos" eram descartados pelas indústrias. Eis que um dia um dos funcionários da empresa, que estava a reformar sua casa e não tinha dinheiro suficiente para adquirir as lajotas de 20x20cm, teve a idéia de usar os "caquinhos". O refugo foi prontamente cedido pela empresa ao seu funcionário.
A partir daí, o reaproveitamento dos caquinhos foi um sucesso a ponto de faltar o refugo e sobrarem as peças inteiras! Acreditem, dizem que a indústria para atender a demanda passou a quebrar peças novas e o custo dos caquinhos chegou a ficar maior que o da cerâmica inteira.
Os "caquinhos" foram usados nos pisos e revestimentos de paredes em residências e pontos comerciais até início da década de 1970 mas, como dissemos acima, a verticalização da cidade aos poucos foi acabando não só com a técnica como também com o registro.
O interessante neste vestígio que cruzou o meu caminho são os detalhes, que imagino ser de latão, para registrar a logomarca do antigo ponto comercial, hoje um estacionamento.
*imagens da autora
Postado por Cristiane Py
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