John Ruskin dizia:
"... o pitoresco é assim procurado na ruína, e supõe-se que consista na deterioração. Sendo que, mesmo buscado aí, trata-se apenas da sublimidade das fendas, ou fraturas, ou manchas, ou vegetação, que assimilam a arquitetura à obra da Natureza, e conferem a ela aquelas particularidades de cor e forma que são universalmente caras aos olhos dos homens."
Mas aos olhos dos especialistas em preservação, uma ruína não é só a Sublimidade Parasitária do pitoresco (palavras de Ruskin). Ela pode nos passar muitas informações, principalmente relacionadas à técnica construtiva.
Nessa ruína do antigo convento e igreja da Santa Casa de Misericórdia da cidade de Igarassu - PE podemos observar, em
função da perda do reboco, a técnica construtiva adotada.
Com
a alvenaria construída em pedra calcária não aparelhada, observamos o
nivelamento feito por tijolos e os arcos de escarção[1]
de descarga, também em tijolos, para aliviar os esforços nos dois vãos. Podemos também observar as concreções de óxido de ferro
alvenaria em pedra calcária e nivelamento por tijolos |
No
portal observamos o uso de pedra calcária cinza de formação gramame (primeira
bancada) e o elevado grau de esfoliação em função do sal.
arco de escarção e pedra calcária cinza do portal |
[1] arcos de escarção:
estrutura suplementar usada para auxiliar outro arco, que pela sua forma
torna-se insuficiente para suportar as cargas concentradas na envasadura.
Assim, por exemplo, quando se deseja uma verga de alvenaria abatida ou mesmo
reta, e por isso capaz de receber somente cargas pequenas, busca-se o auxílio
do arco de escarção que ficará situado acima e apoiado nos pés direitos ou
encontros, recebendo e isolando as solicitações verticais. – ver Dicionário da
Arquitetura Brasileira – Corona & Lemos.
*imagens da autora - 2015
*imagens da autora - 2015
Postado por Cristiane Py
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